fonte: Ministério da Saúde

Desde o ano passado, equipes de entrevistadores estão batendo à porta de diversas famílias brasileiras para conhecer mais sobre a nutrição das crianças brasileiras. Esta ação faz parte de um estudo inédito que está em andamento desde março de 2019, chamado Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (Enani). Já foram realizadas mais de 10 mil entrevistas domiciliares em 13 estados e no Distrito Federal. Neste ano, os pesquisadores percorrerão os 13 estados restantes (Pará, Ceará, Pernambuco, Alagoas, Paraíba, Sergipe, Rio Grande do Norte, Maranhão, Rio Grande do Sul, Goiás, São Paulo, Amapá e Piauí) para alcançar a meta de 15 mil domicílios.

A previsão era encerrar o estudo ainda no ano passado, contudo, o cronograma precisou ser alterado. Isso se deve a dificuldade de acesso a algumas regiões do país e, também, a disseminação de fake news, o que dificultou os pesquisadores serem recebidos nos domicílios selecionados. Por isso, o Ministério da Saúde está intensificando a divulgação da pesquisa, em parceria com os municípios, e reforçando a relevância deste estudo para a elaboração de políticas públicas para a promoção da saúde das crianças.

Os pesquisadores estarão devidamente identificados com camisas e crachás com o nome e a fotografia, além do logotipo do Ministério da Saúde. Assim que chegar no local, será explicado os procedimentos e entregue um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, com detalhes da pesquisa e orientações de como entrar em contato com a coordenação para tirar dúvidas, incluindo a opção gratuita de ligar para o número 0800 808 0990.

A coordenadora de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde, Gisele Bortolini, reforça a importância de as famílias participarem do estudo e de colaborarem para que seja possível traçar um retrato atualizado da nutrição infantil no Brasil. “Já percorremos metade do país, mas ainda temos cerca de cinco mil entrevistas a serem realizadas. Estamos encontrando certa resistência para coletar os dados devido a mensagens falsas envolvendo o estudo”, explica. “A pesquisa é legítima, inédita e contribuirá para o melhor conhecimento dos hábitos alimentares das crianças brasileiras”, reforça Bortolini. A perspectiva é terminar a fase de coleta no primeiro semestre para, já no segundo semestre, divulgar os primeiros resultados.

O objetivo do Enani é avaliar as práticas de alimentação e aleitamento materno, além do estado nutricional e deficiências de micronutrientes em crianças brasileiras menores de cinco anos. Para isso, além de responder a questões sobre hábitos alimentares, peso e altura, também há coleta de sangue para participantes com mais de seis meses de vida.

Com esses exames será possível obter dados, pela primeira vez em todo território nacional, sobre o crescimento e desenvolvimento das crianças e fazer o mapeamento sanguíneo de 14 micronutrientes, como os minerais zinco e selênio e vitaminas do complexo B. Os questionamentos também abordam informações sobre amamentação, doação de leite humano, consumo de suplementos de vitaminas e minerais, habilidades culinárias, ambiente alimentar e condições sociais da família.

PARTICIPAÇÃO VOLUNTÁRIA E SEGURA

A participação na pesquisa é voluntária. Os pesquisadores que visitam os lares brasileiros estão identificados com camisas e crachás com o nome e a fotografia, além do logotipo do Ministério da Saúde. Para não ter dúvidas, o cidadão pode ligar para o telefone 0800 808 0990 gratuitamente ou acessar o site www.enani.nutricao.ufrj.br para confirmar a identidade do pesquisador.

Ao bater à porta, o entrevistador irá iniciar um questionário sobre saúde, verificar medidas de peso e altura das crianças e das mães biológicas e, ainda, coletar uma amostra de sangue das crianças com mais de seis meses de vida para verificar anemia e medir, além do ferro e ferritina, marcadores de inflamação, como proteína C reativa, as vitaminas do complexo B, minerais como zinco e selênios e micronutrientes importantes no organismo. Também será armazenada em um biorrepositório uma parcela do sangue para análises posteriores sobre marcadores genéticos e o perfil metabólico.

Este é um dos principais diferenciais do estudo, permitindo a obtenção de dados inéditos. As amostras são cuidadosamente coletadas, transportadas e analisadas. Os resultados dos exames são entregues para as famílias e, em caso de desnutrição, obesidade ou deficiência de micronutrientes, os participantes do estudo serão encaminhados para unidades de saúde próximas às suas casas.

As informações coletadas são sigilosas e, em hipótese alguma, os nomes das crianças ou dos seus responsáveis serão identificados. A realização da pesquisa segue metodologia científica e foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que é uma das instituições que coordenam o estudo.

O Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (Enani) foi encomendado pelo Ministério da Saúde e é realizado com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Além da UFRJ, também participam da coordenação a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), a Universidade Federal Fluminense (UFF) e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Ao todo, a iniciativa conta com a participação de 60 pesquisadores de 22 instituições acadêmicas públicas e privadas de todas as regiões do país.