fonte: Folha de SP

Horas depois de receber alta, neste domingo (12), o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, agradeceu à equipe médica que o tratou durante sua internação por causa da Covid-19.

“É difícil encontrar palavras para expressar minha dívida com o NHS (Serviço Nacional de Saúde) por ter salvado minha vida”, disse ele em uma mensagem de vídeo publicada numa rede social logo após o anúncio de sua alta.

Boris, 55, estava sendo tratado no Hospital St. Thomas, em Londres, desde o último domingo (5).

Ele foi internado dez dias depois de receber o diagnóstico de Covid-19 e após apresentar “sintomas persistentes”, incluindo febre e tosse, de acordo com seus médicos.

O líder britânico ficou três noites na UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Na quinta (9), foi transferido para um quarto.

Vestindo terno e gravata, Boris adotou o habitual tom energético de seus discursos e fez uma piada, agradecendo os médicos: “Por algum motivo, vários deles se chamavam Nick”.

Ele também expressou sua gratidão aos enfermeiros e fez uma menção especial a dois, Jenny, da Nova Zelândia, e Luis, de Portugal, sem citar seus sobrenomes. Segundo Boris, eles estiveram ao lado de sua cama em um momento de “tudo ou nada”.

O primeiro-ministro ainda não voltará ao trabalho e passará os próximos dias se recuperando na residência de campo oficial, em Chequers. Suas funções estão sendo executadas interinamente pelo primeiro secretário de Estado, Dominic Raab.

A noiva de Boris, Carrie Symonds, que está grávida e deve dar à luz em dois meses, também publicou mensagens de agradecimento em uma rede social. Ela apresentou sintomas de coronavírus, mas não realizou exame de detecção da Covid-19 e ficou em autoisolamento.

“Houve períodos na semana passada que foram muito sombrios. Mando meus sentimentos para aqueles em situações semelhantes, preocupados com seus entes amados”, escreveu Symonds, que também agradeceu ao NHS e à equipe do hospital que tratou Boris. “Nunca vou parar de agradecê-los.”

Na mensagem deste domingo, Boris afirmou que o Reino Unido estava progredindo no combate ao coronavírus “porque os britânicos formaram um escudo humano em torno do maior bem deste país: nosso Serviço Nacional de Saúde”.

“Se conseguirmos impedir que o NHS fique sobrecarregado, não seremos derrotados”, acrescentou.

Boris foi um dos últimos líderes europeus a adotar medidas de restrição, mesmo quando a pandemia já atingia boa parte do continente. Ele também agradeceu ao público por seguir as diretrizes de distanciamento social, que estão em vigor desde 23 de março.

“Quero que saibam que neste domingo de Páscoa acredito que seus esforços estão valendo a pena e vocês estão provando diariamente o seu valor”, afirmou.

Nos últimos dias, cresceram as reclamações de médicos e enfermeiros do NHS sobre o baixo número de testes realizados e a falta de equipamentos de proteção individual (EPI). Cerca de 30 profissionais da saúde que estavam na linha de frente de atendimento morreram de Covid-19 após tratarem pacientes.

Neste domingo, o governo anunciou que vai destinar 200 milhões de libras (cerca de R$ 1,3 bilhões) para a Organização Mundial da Saúde e outras instituições para tentar conter a disseminação do novo coronavírus em países mais pobres.

“Enquanto nossos brilhantes médicos e enfermeiros combatem o coronavírus em casa, estamos enviando expertise e financiamento britânicos a outros países para tentar impedir que uma segunda onda mortal atinja o Reino Unido”, disse a ministra Anne-Marie Trevelyan.

Os ministros do premiê estão sob pressão para explicar por que o número de mortos no país está aumentando tão rapidamente.

O Reino Unido teve dois dias seguidos em que o número de mortes pela Covid-19 ultrapassou 900. Na sexta-feira (10), 980 pessoas morreram —a marca supera o pior dia registrado pela Itália, o país europeu mais atingido pela pandemia.

Até o momento, 10.629 pessoas morreram e mais de 85 mil foram infectadas no país, segundo a Universidade Johns Hopkins.

Em um sinal da gravidade da situação, a rainha Elizabeth 2ª divulgou no sábado (11) sua segunda mensagem em menos de uma semana, dizendo à nação que “o coronavírus não vai nos vencer”.