fonte: CREMESP
O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo esclarece que, embora ainda não tenha sido descoberto nenhum medicamento ou tratamento cientificamente comprovado para a cura da covid-19, existem estudos em andamento, com medicações já aprovadas para outros usos, que podem ser usadas fora de indicação da bula (off label), a critério do médico. Trata-se da autonomia médica.
Cabe lembrar também que os estudos clínicos com qualquer medicação devem contar com protocolos bem desenhados em que sejam descritos resultados bem definidos. Os pacientes envolvidos nestas pesquisas devem ser monitorados cuidadosamente e devem estar cientes e de acordo com os riscos envolvidos. As pesquisas também devem ter aprovação de comissão de ética em pesquisa.
Já no caso da prescrição de forma off label de medicações já aprovadas, ou seja, para fins outros que não os que constam em bula, os riscos e benefícios devem ser bem discutidos com o paciente, que deve consentir com a prescrição.
O médico deve ter cautela ao divulgar o tratamento com qualquer medicamento sem evidências robustas. A divulgação de medicamentos, por meio de canais públicos, como redes sociais e imprensa, por exemplo, não pode ter cunho sensacionalista e de promessa de resultado. Ainda, esse tipo de publicação pode induzir à automedicação e desencorajar a população a manter e buscar medidas protetivas. Publicações feitas de maneira sensacionalista, prometendo resultados como a cura ou prevenção contra o novo coronavírus colocam ainda mais em risco a vida da população.
Para a médica Irene Abramovich, presidente do Cremesp, neste momento, a informação transmitida nas redes sociais à população pode ter efeitos importantes, tanto benéficos quando adversos. Por um lado, a boa informação pode ajudar as medidas preventivas e o controle da disseminação da doença. Por outro lado, informações sensacionalistas podem causar pânico, com consequências graves, como o desabastecimento de medicações nas farmácias e a piora do quadro de saúde de pessoas que precisam dessas medicações e não conseguirão.
Diante disso, o Conselho reforça a importância do médico não só à frente da doença, no combate diário nas unidades de saúde, como também e principalmente como agente da boa informação.