fonte: O Globo
O Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj) entrará nos próximos dias com uma representação na Tutela Coletiva de Defesa da Saúde do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro e com uma ação judicial pedindo a reabertura do serviço do CTI materno do Instituto Municipal da Mulher Fernando Magalhães, desativado no dia 29 de janeiro. Durante uma fiscalização realizada na sexta-feira passada, agentes do Cremerj constataram que o fechamento aconteceu porque o número de médicos intensivistas era insuficiente, conforme mostrou o Blog Emergência. Segundo a direção, não há previsão de reabertura. Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde esclareceu que o fechamento foi necessário para a realização de obras de readequação física do prédio e garantiu que nenhum paciente está sendo prejudicado com falta de leitos.
O hospital, que é referência no atendimento de gestação alto risco, e onde são realizados cerca de 500 partos por mês, tem funcionado com apenas dois obstetras e três pediatras no plantão. O problema, informa o Cremerj, também atinge o serviço de anestesiologia da unidade, localizada em São Cristóvão. De acordo com a vistoria, o CTI materno estava funcionando provisoriamente em uma enfermaria no sétimo andar, enquanto o setor o oitavo pavimento passava por obras para atender às especificações dos órgãos fiscalizadores. Detalhe: a ala foi reinaugurada há um ano, mas ainda não foi aberta. O CTI em local improvisado tinha quatro leitos e funcionava só para atendimento de casos graves da própria unidade. Segundo o Cremerj, este também foi fechado por falta de recursos humanos.
Durante a fiscalização, uma paciente diagnosticada com Síndrome Hellp, patologia hipertensiva que se manifesta durante a gravidez, aguardava transferência para um CTI materno em outro hospital pelo sistema de regulação de vagas. De acordo com a denúncia do Cremerj, os médicos do plantão tentavam um leito desde o início da manhã, mas até o meio-dia não haviam conseguido.
Segundo a presidência do Cremerj, a direção do hospital informou que a Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro foi comunicada sobre o fechamento do CTI e tem conhecimento da situação crítica provocada pelo falta de médicos.
Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde informou que nos últimos anos “ampliou expressivamente a rede de assistência com a inauguração de três novas maternidades o que permite nestes próximos anos reformar os serviços atuais. A Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do Hospital Maternidade Fernando Magalhães apresentava dificuldades de funcionamento pela idade do prédio, mudanças das normas sanitárias e necessita de adequação para garantir a segurança das pacientes. Por isso, foi fechada para obras de readequação física. A unidade, como todas as demais maternidades, trabalha em articulação com a rede de assistência, transferindo as mulheres que precisam de internação em UTI. No momento, não temos gestantes ou puérperas aguardando enfermaria obstétrica ou leito de CTI.”