fonte: Agência Brasil

O Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca), no Rio de Janeiro, convocou 558 aprovados em concurso público para diminuir o déficit de recursos humanos em suas cinco unidades. O Diário Oficial da União publicou na segunda-feira (29) o provimento das vagas para a convocação desses aprovados no concurso público feito no ano passado.

Os novos servidores substituirão os funcionários celetistas vinculados à Fundação Ary Frauzino (FAF), conforme determinação dos órgãos de controle do país. Desde o concurso de 2010, mais de 600 servidores deixaram o instituto por motivo de aposentadorias, falecimentos, transferências e exonerações.

O presidente da Comissão de Trabalho, Legislação Social e Seguridade Social da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, Paulo Ramos visitou o hospital para averiguar a situação da unidade sede. Segundo ele, o maior problema encontrado é a falta de mão de obra. “A falta de pessoal exige esforço maior dos servidores e causa insatisfação. Não basta chamar apenas os concursados, mas é preciso que a direção já pense em organizar novo concurso, pois mesmo com essa convocação continua uma lacuna. Somente até o final do ano, mais gente vai se aposentar, por exemplo”, comentou ele.

Diretora de divulgação da Associação Brasileira de Apoio ao Paciente com Câncer, Solange Gomes de Oliveira, informou que muitos pacientes relatam problemas além da falta de médicos. Segundo ela, carência de materiais, de aparelhagem, leitos e fila de espera superior a 60 dias após o diagnóstico são alguns dos problemas enfrentados por algumas pessoas que se tratam lá. “Mas esse problema é geral e não apenas no Inca. As queixas aumentaram de janeiro para cá. São pacientes muito fragilizados pela doença e o atraso no tratamento piora ainda mais a situação”.

O Inca negou que falte materiais hospitalares nas unidades, mas admitiu que no primeiro trimestre ocorreram atrasos pontuais nos processos de licitação para compras, que ocasionaram a falta temporária de 103 itens de materiais hospitalares num universo de mais de 5 mil. O instituto admitiu que há problemas pontuais, mas alega que as providências estão sendo tomadas para saná-los.

Como exemplo de situação problemáticas, estão quatro dos nove leitos da Unidade Pós-Operatória (UPO) do Hospital do Câncer I (HC I) desativados, a mesa de biópsia de mama sem operar e equipamento de monitoração de procedimentos anestésicos que prejudicou exames de ressonância em pacientes que precisam de anestesia para a realização do exame. A previsão é que o equipamento volte a operar ainda neste mês.

Por ser um hospital de referência no estado e no país, a demanda por serviços é muito grande. No ano passado foram feitas mais de 1,7 mil cirurgias, 10,2 mil atendimentos em quimioterapia, mais de 15 mil em radioterapia e 59 mil consultas médicas.

Para Gilberto Gonçalves Alves, 62 anos, que se trata de um câncer na boca desde fevereiro no hospital, o serviço do hospital é “de primeiro mundo. Demorei 20 dias para conseguir entrar aqui, fiz o tratamento e operei há 20 dias. Não tenho do que reclamar”, disse ele.

A estudante Isabele Alves da Silva Correia, 17 anos, contou que foi atendida prontamente no Inca após fazer uma cirurgia em outro hospital da cidade. “Agora, vou fazer a biopsia para saber se vou precisar continuar o tratamento. Estou satisfeita com o atendimento”.

Moradora de Angra dos Reis, Costa Verde Fluminense, Mariá Ferreira dos Santos, 25 anos, descobriu que a filha de um ano tinha um tumor na retina de um dos olhos em dezembro. “Quatro dias depois, ela começou a ser tratada no Inca. Estou satisfeita”, contou Mariá.

Para as áreas cirúrgicas de Abdomen, Neurocirurgia, Urologia, Tórax, Cabeça e Pescoço e para Radioterapia, os agendamentos das avaliações iniciais são realizados pelo Sistema de Regulação (Sisreg), gerido pela prefeitura. A prefeitura informa que o gerenciamento da rede de saúde considera critérios como regionalidade (proximidade com a casa do usuário) e a complexidade de cada caso.