fonte: Saúde Business
por Conrado Alvarenga
A cor muda para azul. Do cinza, a cor passou a ser azul. Com isso, seu interlocutor já percebeu que a mensagem foi lida. As formas de comunicação modernas vêm mudando rapidamente e, com o whatsapp, a revolução da rapidez e da simplificação da comunicação mostram que vieram para ficar. Radicais já fazem previsão do fim do uso de e-mails, enxergando em alguns poucos anos o uso exclusivo do armazenamento de dados em nuvens e a comunicação quase que monopolizada por aplicativos como o whatsapp. Mas e na relação médico paciente? O whatsapp veio para ajudar, facilitar, estreitar laços e evitar ligações desnecessárias? Ou também para quebrar o bom senso das relações com relação a horários para mensagens, relativizar o conceito de urgência, penetrar na intimidade do prestador de serviço e evitar que situações que devem ser resolvidas ao vivo, olho no olho, tenham seu desfecho pelo whatsapp? Julgo que um misto disso tudo veio junto com o whatsapp.
Ainda hoje não lidamos de maneira clara com seu papel na relação com os pacientes. Não temos dúvida que ele veio para facilitar a ajudar em uma série de circunstâncias. Hoje pode-se enviar uma foto de Miami para seu dermatologista de uma reação alérgica do seu filho, resolver a alergia pelo aplicativo e com isso continuar a viagem sem problemas. Mas e a responsabilidade da mãe e do médico caso aquela mancha fosse o pródromo de algo mais grave, que se detectado precocemente poderia já estar resolvido? E a responsabilidade da conduta médica? Quando diferenciar se algo é simples que pode ser resolvido a distância com seu cliente? Estes são apenas uma pequena parcela de todos os desafios e situações que vieram com o uso do whatsapp na comunicação entre médico e paciente.
A ferramenta é útil e veio para ficar. Eu uso com meus pacientes, mas me pego inúmeras vezes questionando se não deveria priorizar a resolução daquele problema ao vivo.Recentemente tive um cliente que me enviou uma mensagem a meia noite e meia de uma quinta-feira, apenas para confirmar o agendamento de uma cirurgia que seria realizada 35 dias depois. Naquele momento eu respondi, disse que estava tarde e que resolveríamos isso no dia seguinte com minha secretária. Ele no mesmo ato pediu desculpas e alegou que achava que eu veria a mensagem apenas no dia seguinte cedo. Minha resposta final foi educadamente: é que meu celular vibra no criado mudo e eu acho que pode ser algo urgente.
Autor: Dr. Conrado Alvarenga, diretor científico do LAB Medicina Masculina