fonte: O Globo

Unidade de referência no atendimento médico de crianças no estado, o Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG/UFRJ), que funciona dentro do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, na Cidade Universitária, pede socorro. Com graves limitações orçamentárias, que mantêm fechadas três enfermarias, com 24 leitos ociosos; e com acesso à emergência restrito a encaminhamentos ou indicações, a unidade se mobiliza para buscar recursos através da campanha “Pelos 100% — Quando a causa envolve crianças, o partido é um só”.

Idealizador da campanha, o diretor do instituto, Edmilton Migowski, pretende sensibilizar os 46 deputados federais do Rio para que eles destinem à unidade — que somente no ano passado fez 45 atendimentos ambulatoriais — parte dos R$ 14 milhões a que têm direito anualmente em emendas orçamentárias. Para isso, ele fará uma apresentação amanhã, às 11h, no anfiteatro do IPPMG, onde explicará as dificuldades enfrentadas pelo instituto.

— Muitas despesas de infraestrutura são pagas pela reitoria, então, não tenho como estimar nosso gasto total. Mas, com relação às despesas de custeio, ou seja, medicamentos e insumos, temos uma despesa de pouco mais de R$ 12 milhões por ano, mas só recebemos R$ 8 milhões do Ministério da Saúde. Muitas especialidades médicas só podem ser encontradas aqui — afirma Migowski.
Uma dessas especialidades é a nutrologia pediátrica, que trata os erros inatos do metabolismo. A unidade também faz atendimentos multidisciplinares e realiza outros procedimentos complexos, como transplantes de fígado. Foi lá que Gabriela Pinto conseguiu atendimento para o filho Miguel, de 1 ano, diagnosticado com bronquite aguda. Isso depois de um périplo por cinco hospitais:

— Fiquei receosa por não conhecer o hospital e por ser longe da minha casa, em Campo Grande. Mas já passou e vejo que minha decisão não poderia ter sido melhor.

No IPPMG, os pacientes são atendidos por profissionais com títulos, que lecionam no curso de Medicina da universidade, num momento em que a residência em pediatria enfrenta baixa procura por médicos de todo o Brasil. Para o diretor da unidade, o maior desafio da gestão é oferecer nas instalações o mesmo nível de excelência do corpo clínico do IPPMG.

— Nosso pessoal é altamente capacitado e precisa de condições de trabalho. Aliar o preparo técnico à estrutura adequada para trabalho é um sonho que ainda pretendemos tornar real. Temos planos de construir um anexo de três andares, mas dependemos de mais recursos — analisa.

Enquanto o dinheiro não chega, ele raciona recursos. Parte das instalações do IPPMG sofre com falta de manutenção, e infiltrações são visíveis por toda parte. Com os esperados novos investimentos, ele pretende investir em telemedicina, para colocar a experiência da equipe a serviço das secretarias municipais de Saúde de todo o estado por meio de convênios para programas de segunda opinião. Além disso, planeja viabilizar áreas adequadas para a recreação de pacientes internados, já que hoje precisa improvisá-las, inclusive nos corredores do hospital.