fonte: G1
O diretor do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE), Edmar José Alves dos Santos, afirmou nesta quarta-feira (31) em audiência pública da Alerj que, caso repasses financeiros não sejam regularizados até junho a unidade se tornará insolvente e deixará de prestar serviços à população. A afirmação aconteceu na Comissão de Educação da Assembleia. Dos 512 leitos do hospital, apenas 200 estão funcionando desde o início do ano.
“Estamos vivendo uma crise aguda e para tirar a unidade dessa situação extrema precisaríamos receber do estado, mensalmente, R$ 7 milhões, além de um repasse emergencial de R$ 5 milhões para o reabastecimento de insumos básicos. Se não conseguirmos essa verba até o meio do ano, vamos fechar”, explicou. Com esse valor mensal seria possível usar cerca de 60% da capacidade total de leitos da unidade, além de pagar os salários dos funcionários e terceirizados.
Além da estrutura precária, os problemas também atingem os residentes que convivem, desde de outubro de 2015, com o atraso das bolsas, no valor de R$ 2.939. “Ainda não recebemos o salário desse mês e não temos previsão para receber. Muitos residentes estão tirando licença ou abandonando a residência por falta de recursos. Cinquenta por cento dos alunos são cotistas e não têm outro vínculo empregatício”, explicou a representante dos residentes no Conselho de Saúde do HUPE, Camilla Garcino,
Carga horária
Além da falta de pagamento, os residentes reclamam da carga horária extensa que são obrigados a cumprir. Para resolver essa questão, a Comissão de Educação da Alerj vai apresentar um projeto de lei para reduzir a carga horária dos residentes multidisciplinares do HUPE, que cumprem 60 horas semanais, com dedicação exclusiva, entre horas práticas e teóricas. “Me parece quase uma escravidão essa carga horária. Percebemos que a legislação federal não está sendo suficiente, por isso vamos nos mobilizar para essa mudança”, afirmou o presidente da comissão, deputado Comte Bittencourt (PPS), de acordo com nota divulgada pela Assessoria de Imprensa da Alerj.
Segundo Camilla Garcino, o excesso de trabalho tem causado doenças constantes nos residentes. “O comprometimento da saúde dos estudantes é concreto e afeta o nosso aprendizado e formação. O problema reflete na ponta, no atendimento à população”, afirmou. Os residentes cumprem essa carga horária respeitando uma portaria do Ministério da Educação que regulamenta o trabalho deles em todo o país.
Segundo o coordenador de Desenvolvimento Acadêmico, João José Abraão Caramez, apesar da crise, não houve alteração no número de vagas abertas para a residência no HUPE em 2016 e nos programas acadêmicos propostos. “Inclusive, foi aprovado um aumento de 12% nas bolsas, mas até agora não passou a vigorar”, explicou.
O HUPE é o único hospital universitário administrado pelo estado do Rio de Janeiro. Mesmo com a crise, em 2015, foram realizadas 9.500 internações, 4.200 cirurgias e 213 mil consultas. A unidade também formou 1.360 alunos de graduação, 628 residentes, 116 pós-graduandos e 575 mestrandos e doutorandos.
Também estiveram presentes na audiência os deputados Dr Julianelli (Rede), Tio Carlos (SDD), Marcelo Freixo e Flávio Serafini, ambos do PSOL.