fonte: Estadão

Desde a semana passada, os médicos do Hospital do Câncer Mãe de Deus, em Porto Alegre, contarão com mais um “especialista” para auxiliá-los na definição do melhor tratamento para cada paciente. O novo integrante da equipe não é oncologista nem sequer formado em Medicina. Trata-se de um supercomputador que recomenda ao médico, em segundos, as melhores opções terapêuticas para cada caso, com base na análise de um banco de dados com milhões de evidências científicas.

O hospital gaúcho será o primeiro da América do Sul a utilizar a tecnologia Watson, da IBM, na área de oncologia. Por meio do sistema, o médico insere os dados clínicos do paciente, como sexo, idade, tipo de tumor, estágio da doença e resultados de exames, e recebe a lista com os tratamentos mais recomendados para cada caso.

“A plataforma vai trazer tanto evidências científicas já certificadas por uma curadoria de especialistas internacionais quanto evidências de estudos publicados há poucos dias, que o médico pode nem ter tido acesso ainda. O principal objetivo do Watson não é substituir qualquer profissional, mas, sim, empoderar o oncologista para tomar a melhor decisão com base em todas as evidências científicas existentes”, explica Eduardo Cipriani, da IBM Watson Health no Brasil.

Ele afirma que o sistema se faz necessário diante do grande volume de dados médicos que surgem a cada dia. “Até 2020, toda informação de Medicina dobrará a cada 73 dias e a capacidade de se manter atualizado está se tornando desumana.”

Para dar sua “opinião” ao médico, o Watson consulta, em segundos, 15 milhões de conteúdos científicos, incluindo 200 textos médicos e 300 artigos. O produto já é utilizado em Estados Unidos, Europa e países asiáticos como India e China.

Para o médico Carlos Barrios, diretor do Hospital Mãe de Deus, a plataforma vai ajudar a definir um tratamento personalizado para cada doente. “A diversidade de novos tratamentos e medicamentos é imensa. Dois pacientes podem ter o mesmo tipo de câncer, mas isso não quer dizer que o tratamento será igual. A opção escolhida pode impactar imensamente no resultado”, diz. A tecnologia Watson já pode ser usada para sete tipos de câncer e deverá englobar até 18 tipos até o final do ano, segundo a IBM.

‘Ferramenta extra’ 

Médica do Centro de Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Renata D’ Alpino diz que o programa é uma ferramenta extra dada aos médicos que já seguem a tendência dos tratamentos individualizados. “Os oncologistas já tentam hoje considerar as características individuais de cada paciente e da doença pra definir a melhor opção. A plataforma vai ajudar os médicos principalmente nos casos mais conflitantes, quando não há consenso.”