fonte: O Globo
Cânceres metastáticos nascem malignos ou se tornam malignos? Esta é uma questão importante na detecção e no tratamento precoce da doença. Na falta de uma resposta clara, pacientes recebem terapias agressivas quando são descobertos precocemente pequenos e anormais aglomerados de células, ainda que eles possam ser inofensivos.
Em um estudo publicado esta semana na revista “Proceedings of the National Academy of Sciences”, uma equipe de pesquisadores liderados por cientistas da universidade de Duke e da Universidade do Sul da Califórnia, nos Estados Unidos, descobriu que, em tumores colorretais examinados, cânceres invasivos nascem já malignos, e essa tendência pode ser identificada em diagnóstico precoce.
— Nós descobrimos evidência de que tumores benignos e malignos começam de formas diferentes, e esse movimento de células, que é uma importante característica de malignidade, se manifesta muito cedo durante o crescimento de tumores — disse o autor principal, Marc D. Ryser. — Por exames de rastreamento de movimento precoce de células como um sinal de malignidade em tumores pequenos, pode ser possível identificar quais pacientes são propensos a se beneficiarem de tratamentos agressivos e quais não precisam deles.
Ryser e seus colegas se basearam em pesquisas anteriores para mostrar que em um subconjunto de cânceres humanos, muitos traços-chave de cânceres terminais já são impressos no genoma da célula. Isto é, eles nascem “destinados” a serem malignos.
Os pesquisadores analisaram 19 tumores colorretais humanos com com uso de tecnologia de sequenciamento de genes e modelos de simulação matemática. Eles encontraram “assinaturas” de movimento de células anormais precoces na maioria das amostras invasivas — nove de 15.
— O crescimento inicial do tumor terminal depende largamente dos impulsionadores presentes nas células fundadoras — afirma Ryser.
No entanto, o estudo é pequeno, e os pesquisadores reconhecem que uma pesquisa com uma amostra maior é necessária. Apesar disso, consideram a descoberta um passo importante para estabelecer um teste que distingua a natureza do crescimento dos cânceres: se são mortais ou inofensivos.
— Graças à tecnologias de triagem aprimoradas, diagnosticamos mais e mais tumores ainda pequenos — afirma o autor sênior Darryl Shibata, professor no Departamento de Patologia da escola de Medicina Keck da Universidade da Carolina do Norte. — Uma vez usar um tratamento agressivo em um paciente pode causar danos e efeitos colaterais, é importante entender quais tumores pequenos detectados são relativamente benignos e crescem devagar, e quais se tornarão fatais.