fonte: CFM
O Conselho Federal de Medicina (CFM) divulgou, nesta quinta-feira (28), Nota de Esclarecimento à sociedade sobre reportagem publicada na edição 391 da revista Superinteressante. A entidade destaca a importância de se tentar mensurar as falhas ocorridas nos serviços assistenciais de saúde no Brasil e aponta que é imprescindível reconhecer os atores do processo, sem culpabilizar uma categoria profissional. Leia a seguir a íntegra da nota, que será enviada pelo Conselho Federal de Medicina à revista Superinteressante:
NOTA DE ESCLARECIMENTO SOBRE REPORTAGEM NA REVISTA SUPERINTERESSANTE
O Conselho Federal de Medicina (CFM) lamenta, publicamente, o tom alarmista adotado pela reportagem “Erro médico”, publicada na edição 391 da Revista Superinteressante. Trata-se de tema que deve ser analisado com cautela, considerando-se as deficiências de infraestrutura na assistência no País, em especial na rede pública, e no campo da formação de profissionais da área, médicos e não-médicos. No entanto, comete-se equívoco ao tratar casos específicos como se fossem a regra, o que gera impacto negativo na relação médico-paciente, a qual deve ser pautada pela ética, confiança e respeito à autonomia.
Trabalhos citados, que são tentativas relevantes de tentar mensurar a dimensão de problemas decorrentes de falhas do processo de atendimento ocorridas no ambiente hospitalar, se baseiam em projeção de dados com limites reconhecidos pelos seus autores e que, portanto, não permitem extrapolar resultados, como foi feito.
Entende-se também como inadequado o uso reiterado da expressão “erro médico”, visto que eventuais falhas não são exclusividade de uma ou de outra categoria profissional, mas, com frequência, são o resultado de deficiências no atendimento.
Os Conselhos de Medicina ressaltam que têm acompanhado esse tema, com o apoio de reconhecidos especialistas, na expectativa de contribuir continuamente para a melhora de fluxos e protocolos assistenciais. Além disso, tem apurado as denúncias que surgem e reiteradamente denunciado as deficiências operacionais às autoridades competentes.
As entidades médicas entendem que avanços concretos no atendimento em saúde no País ocorrerão apenas após a adoção de um conjunto de ações, incluindo a adequada capacitação das equipes de assistência e a qualificação da rede pública e privada, o aumento de investimentos, a valorização de profissionais, o aperfeiçoamento da gestão e a criação de mecanismos eficazes de avaliação, monitoramento e controle.
Finalmente, reiteramos o protesto dos médicos contra a generalização inadequada com a qual foi tratado o assunto.