fonte: Folha de SP

Os cânceres de mama, próstata, pulmão e cólon e reto consumiram 54% de todos os recursos destinados a tratamentos oncológicos no SUS (Sistema Único de Saúde) em 2022, afirma um estudo inédito feito pelo Observatório de Oncologia do Movimento Todos Juntos Contra o Câncer.

De acordo com o levantamento, ao longo do ano passado foram investidos cerca de R$ 4 bilhões tanto em tratamentos ambulatoriais, como radioterapias, quimioterapias e hormonioterapias, quanto em internações e cirurgias de pacientes oncológicos da rede pública —14% a mais se comparado a 2020.

Os custos com os procedimentos, por outro lado, subiram de forma expressiva, apesar de uma queda acentuada no número de pacientes atendidos.

Enquanto o índice de procedimentos ambulatoriais registrou uma diminuição de 74% nos últimos cinco anos anos, passando de 15 milhões, em 2018, para 4 milhões, em 2022, o valor médio dessas terapias teve um salto de mais de 400% no mesmo período. Com isso, um procedimento que custava R$ 151,33 passou para R$ 758,93, segundo o Observatório de Oncologia.

“A gente acredita que esse aumento nos custos do tratamento pode estar relacionado a novos medicamentos que foram incorporados no SUS, como imunoterápicos, a equipamentos novos e ao uso cada vez maior de tecnologias disponíveis”, afirma a coordenadora de pesquisa Nina Melo.

“Além disso, há também o grande número de pacientes diagnosticados em estágios mais avançados da doença. Segundo o observatório, o tratamento de um paciente identificado com estágios três e quatro [do câncer] é muito mais caro do que o que recebe o diagnóstico precoce, em estágio um e dois”, acrescenta.

Ao todo, 3% dos recursos destinados à saúde pública no ano passado foram gastos com o tratamento de câncer. Melo destaca, no entanto, que o percentual leva em consideração apenas intervenções diretas, sem incluir gastos com ações de prevenção e promoção da saúde, por exemplo.